Uma Tarde No Circo
(MARILENA ORSONI)
UMA TARDE NO CIRCO Era quase Dezembro.Finalmente o circo chegou à cidade. Suas lonas foram levantadas com muita rapidez e cuidado, nada poderia dar errado ou atrapalhar o seu andamento porque a estréia seria no próximo Sábado à tarde. A expectativa Era geral, o povo estava surpreso e radiante com sua chegada, sabiam que trazia grandes espetáculos e muita diversão, principalmente paras as crianças que ainda não conheciam esse mundo mágico, e não se continham em esperar sua estréia. Isso provocou em todos muita euforia e curiosidade, afinal... ERA UM CIRCO! Somente o Tunico não dava muita importância para sua chegada, parecia não estar nem aí com todo aquele movimento pra lá e pra cá dos animais que fariam parte do espetáculo, e quando passava em frente ao local onde estava sendo levantado o circo, procurava não olhar, desviando seus olhos para o céu, na tentativa de disfarçar. E em todo o trajeto, dizia para si mesmo: - ?Hum... hoje o céu está pedrento...então é chuva ou vento". Repetia essa frase várias vezes até estar bem longe daquele lugar, mas, para usar de toda franqueza, aquele menino tinha fortes razões para não estar empolgado, e é sobre esse fato que eu vou narrar para vocês. A última vez que Tunico viu um picadeiro de perto foi numa tarde fria e cinzenta, onde o sol teimava ficar escondido sobre as nuvens. Era grande a expectativa de todas família para a tão esperada hora da matinê, e assim poder ver de perto aquele mundo fantástico que já havia empolgado toda a cidade. O nome desse circo era: Os oito irmãos Ramos. Aleluia, o Sábado chegou, falavam todos como se fizesse parte de um grande coral. E finalmente o espetáculo começou! Tudo era muito bonito e aquele ambiente saudável fazia a alegria de todos que ali estavam. Um número era melhor do que o outro, mas, os prediletos da garotada eram os tigres e os macaquinhos. As pipocas doces estavam UMA delícia, quentinhas e muito saborosas. A hora que todos mais esperavam chegou, os palhaços entraram em cena fazendo a maior algazarra e a alegria de todos.As crianças não se continham, queriam pular para o picadeiro para ficar mais perto dos astros das brincadeiras. Em certo momento, um dos palhaços resolveu montar um cachorrinho com alguns pedacinhos de papel colocados sobre o chão. Quando achou que estava pronto, perguntou ao outro palhaço, o que ele havia achado de seu cachorro. -Esta faltando uma coisa, disse o outro. -Mas, está faltando o quê? Perguntou o palhaço, coçando sua careca. E toda a platéia gritava desesperada dizendo o que estava faltando. O palhaço fazia de conta que não entendia, levando a platéia quase ao delírio. Tunico não tinha mais fôlego para gritar, mas o palhaço insistia na pergunta. De repente, Tunico gritou mais alto que toda a plateia e disse: -Falta o rabo! O palhaço, se fazendo de desentendido, pára em frente do menino e pergunta: -Você sabe realmente o que está faltando? - É claro que sim, é moleza, está faltando o rabo, respondeu ele, orgulhoso de sua resposta. Nesse instante, a platéia ficou muda, não se ouvia um piu se quer a não ser um forte rugido de um leão que se alimentava por trás das lonas - parecia feroz. E o palhaço mais uma vez chegou perto do menino, apontando-lhe o dedo, e disse: - Então, quer dizer que no meu cachorrinho falta o rabo? -Sim, respondeu mais uma vez o menino. -Então sabe o que você deveria fazer? -Não, não sei. - Deveria pegar o seu e colocar ele aqui! Mas que palhaçinho mais mal educado, vocês não acham? O circo veio abaixo, foi a maior confusão, todos riam muito do menino que já não sabia mais o que fazer de tanta vergonha. Tunico saiu dalí em disparada, chegando a bater seu nariz na cerca que rodeava o circo. Correu tanto para chegar logo em casa que com a pressa rasgou sua roupa, mas, não lembra onde foi. Acredito que agora todos vocês entenderam porque o pobre Tunico não gosta de circo, e convenhamos, ele tem razões de sobra, vocês não acham? .
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