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Terra Mãe
(Sebastião da Gama)

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Batam-me à porta
Os que andam lá fora, à neve;
Batam
Os que tiverem frio ou sede;
Os que sintam saudades de um carinho;
Os desprezados;
Os que há muito não vêem uma flor
E encontram só poeira no caminho;
Os que não amam já nem já Os ama ninguém;
Os esquecidos de como se sorri;
Os que não têm Mãe...
Batam-me à porta os Desgraçados
Os que têm dedos calejados
Dos dedos ásperos da Miséria,
Os que travam desordens nas tabernas
E brincam às facadas,
Os que não têm abrigo nem Amigo,
Os que o Destino escarrou,
Os que não foram crianças,

Os que nasceram num bordel
E por quem passam todos sem olhar.
Batei à minha porta,
Irmão,

Entrai,
Que eu tenho Amor p?ra vos dar...
E se eu também bater (Que eu também choro Muitas vezes lá por fora;
Também amargo tristezas;

Que eu também sou Desgraçado)...
Pois se eu bater,
V
Vinde logo depressa abri-me a porta;

Aquecei-me no meu lume;
Daí-me do pão que eu parti
E do Amor que vos dei.



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