The Stranger
(Albert Camus)
O Estrangeiro é o mais sintético e ao mesmo tempo o mais denso romance da literatura contemporânea. Em poucas páginas e com o estilo seco, tão característico de Camus, onde predominam substantivos, vemos o avanço do absurdo que envolve o personagem central Mersault. O nome já contém a referência mére (mãe) do personagem, cuja morte logo no início dá o tom do romance. Diversos valores são questionados por Mersault: 1. a amizade, proposta por um vizinho do mesmo prédio; 2. o amor, com a proposta de casamento de Maria; 3. a piedade, quando recusa confessar-se ao padre. Em todas as situações onde é solicitado a decidir sobre valores, Mersault responde de modo terrível: ça m'est égal (tanto faz). A reação de Mersault é a indiferença, ou seja, a morte do valor. Como se diz em axiologia - o estudo dos valores - há valores positivos e negativos, mas a indiferença é a ausência do valor. Qual a doença de Mersault, não necessariamente qual o seu crime? O mal contemporâneo da falta de comprometimento. Se debatemos e defendemos hoje o respeito às diferenças, há o risco de permanecermos indiferentes às diferenças. E daí os genocídios mais ou menos visíveis, segundo os interesses internacionais: o da Bósnia mereceu julgamento público, o de Ruanda a retirada das tropas da ONU... O Estrangeiro é um estranho à própria vida. Ler este livro é romper com o imobilismo do relativismo moral, que no bojo da globalização tecnológica, instaura o vazio, a anomia coletiva.
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