A ditadura Envergonhada
(Elio Gaspari)
A ditadura envergonhada abre a série de outros três livros sobre a ditadura militar no Brasil. O jornalista Elio Gaspari diz que jamais teve a pretensão de escrevê-la. Seu intuito foi "contar o estratagema que marcou as vidas de Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva. Fizeram a ditadura e acabaram com ela".
Tudo começou com uma bolsa de estudos para concluir um ensaio de umas cem páginas. No entanto, o autor teve acesso a um riquíssimo material a partir de entrevistas gravadas (cerca de 300hs) com o próprio Geisel, com Golbery e com Heitor Ferreira (secretário dos dois). Além disso, contou com um imenso arquivo de documentos ou simplesmente papéis e manuscritos que lhe foram confiados pelo próprio Heitor Ferreira. Desta forma, o livro discorre de forma amena, em linguagem jornalística, a ínumeros fatos da nossa história recente desde as suas fontes. O autor não poupa notas de roda pé e faz referência a uma ampla bibliografia no final da edição.O primeiro volume A ditadura envergonhada , cobre o período desde o golpe militar em 31 de março de 1964 até à edição do Ato Institucional no.05, em dezembro de 1968. Encontramos um "minucioso relato do golpe com seus lances de acaso e improvisos, a luta pelo poder nos primeiros anos do governo militar, a criação do SNI e os bastidores da elaboração do AI 5, em dezembro de 68, e a famosa aula de tortura dada por um tenente no quartel da Vila militar no Rio de Janeiro, quando a ditadura deixa de se envergonhar de si própria". O segundo volume, durante o governo Medici, nos traz a narrativa ao mesmo tempo cheia de leveza e densidade dos porões da tortura e do milagre econômico. Assim, cobre o período que se iniciou em 64 e vai até 1974. Estes dois volumes "constituem um preâmbulo à história do Sacerdote e do Feiticeiro". Os dois seguintes trarão as vidas de Geisel e Golbery, e os quatro primeiro anos de Geisel no poder até a demissão do seu Ministro do Exército, Sílvio Frota. Deixa ao esquecimento o período seguinte da administração de Figueiredo, como pediu o próprio general. A narrativa viva, rica em detalhes, com fontes e referências bastante confiáveis faz desta obra uma contribuição de grande valor histórico. Traz sem dúvida um ponto de vista; um modo de ver os fatos, aliás desde o centro do poder. Mas sem dúvida fornece uma série de dados para conhecer e avaliar este período tão único da nossa história.
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