Isto pode ser correcto na teoria, mas nada vale na prática (em A Paz Perpétua) - II
(Kant)
A moral e a felicidade. “À guisa de introdução, tinha eu previamente definido a moral como uma ciência que nos ensina como devemos, não tornar-nos felizes, mas dignos de felicidade.”
Esta parte do texto trata da refutação kantiana das objecções do Senhor Professor. Garve, nomeadamente no que diz respeito à questão da felicidade. Afinal, a moral pesa mais para o homem do que a felicidade?
Não se poderá responder simplesmente sim ou não, pois a questão não se coloca nesses termos. Moral e felicidade estão em duas linhas paralelas no horizonte. O homem caminha sobre as duas. Se ele prescindir da moral desequilibra-se e cai; se prescindir da felicidade, prescinde da sua natureza, deixa de ser homem e não há moral que lhe valha.
Assim, o que é que se deve fazer? Mantê-las a par, certamente. Só que o caminho para a felicidade parece mais curto que o da moralidade. Facilmente se tropeça na (falta de) moralidade.
Kant resolve a questão com uma solução formal: “Segundo a minha teoria, o único fim do Criador não é nem a moralidade do homem por si, nem apenas a felicidade por si, mas o soberano bem possível no mundo, que consiste na união e no acordo dos dois.” Esta solução é, como disse, apenas uma formalidade, porque o cerne da questão é esta força interior da dignidade de ser feliz. O filósofo afirma que existe no homem este impulso (natural, afinal) para a moralidade: “ (…) mas a necessidade de um fim último estabelecido pela razão pura e englobando o conjunto de todos os fins sob um princípio (um mundo como bem supremo e possível também através da nossa cooperação) é uma necessidade da vontade desinteressada, que se estende ainda além da observação das leis formais até à produção de um objecto (o bem supremo).”
Há uma necessidade (natural) de agir conforme a lei (moral) em nós. Não se é verdadeiramente feliz se esta necessidade vital não for satisfeita.
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