Filosofia da religião
(Urbano Zilles)
Capítulo I – Introdução a uma Filosofia da Religião
A necessidade do Ser Humano de tentar explicar o absoluto levou, além de outras matérias, também, a filosofia a estudar a religião. A Filosofia de Religião estuda a consciência e a compreensão que o homem faz do absoluto, sendo seu objeto a Religião.
Religião, entre várias definições, é onde o homem se enxerga como criado por algo Maior que ele, então a religião trata da revelação que o homem tem do Divino e de suas diversas realidades. Devemos lembrar que há diferença entre Filosofia da Religião e Teologia, a primeira vai ter como objeto a própria Religião, enquanto a segunda terá como objeto o Divino.
A Filosofia da Religião surgiu na antiga Grécia, da constante do homem em perguntar pela vida na totalidade e então formular a questão de Deus, ser supremo e Divino. O Homem Moderno questiona não mais, somente, o Supremo, mas sim a realidade através da razão e na experimentação científica. Passamos a dispensar a causa primeira e em seguida pensaremos o Mundo a partir da posição negativa ou positiva de Deus.
Como disciplina a matéria é recente e Kant foi decisivo na sua constituição, hoje, há uma linha de investigação, mas não uma unidade de enfoque. No entanto, podemos colocar que a razão será usada nesta investigação. Kant coloca o homem como ser pensante e ao pensar tem o compromisso com a realidade, neste caso temos como objeto não Deus e sim o pensamento, ou seja, o questionamento da Religião. A reflexão filosófica sobre a Religião é também uma reflexão sobre a verdade de Deus.
O Iluminismo trouxe à Filosofia da religião uma nova fase, onde Kant coloca que o Homem deve ter a coragem de servir-se do seu próprio entendimento. Ele (Iluminismo) repercute na Religião de um modo crítico, passa a suspeitar da fé como ideologia de uma ordem ultrapassada, os filósofos e teólogos passam a fazer releituras e interpretações da Bíblia, pondo em cheque a Religião, tornando assim, a Filosofia da Religião a crítica da forma de pensar a Religião. Temos a negação total da religião, nesta época temos como filósofos Nietzsche, Freud e Karl Marx.
Karl Marx declara o fim da religião e sua tese é bem aceita pela necessidade de uma sociedade mais justa e humanizada, só que isto tem um fim, pois esta posição é quase utópica e dá vazão à Filosofia Transcendental, existencial e na personalista. Vários grupos se formam para estudar a Religião sob vários pontos de vista.
Atualmente, a Filosofia da religião trata da indagação filosófica que usa métodos filosóficos com objetivos filosóficos, ou seja, cabe investigar se o fenômeno religioso é originário e irredutível e se leva por natureza a um termo supremo chamado Deus. Não podemos esquecer que as críticas do Iluminismo nos levam a perguntas importantes sobre a Religião, ainda, hoje, seriam elas: sobre o abismo criado pelo Iluminismo sobre a fé, a origem de várias religiões e aonde a religião vai se situar deste tempo em diante?
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