Cartas de Amor - As heróides
(Ovídio)
Em As Heroides, Ovídio conseguiu, em meio ao desabafo feminino, apresentar traços que denotam os dramas que permeiam a sensibilidade feminina. As cartas comovem pelo seu caráter sentimental, apresentando um interior, no qual é possível ver além dos fatos já apresentados em outras literaturas. Ovídio resgata o drama de diversas heroínas construíndo, muitas vezes, rumos diferentes daqueles encontrados na literatura tradicional. O poeta utizou como fonte os escritos trágicos e os épicos, principalmente, informações encontradas na Íliada e na Odisséia, de Homero, bem como, em Virgilio, que nos presenteia com a Eneida, da qual Ovídio reescreve a Carta VII (Dido a Enéias), nos Argonautas, de Apolônio de Rodes, que ilustram as cartas VI (Hipsípile a Jasão) e carta XII (Medéia a Jasão), além de Safo, de Calímaco, de Catulo. Todavia, Ovídio foi além dos fatos apresentados pelas suas fontes, recriando o universo mitológico, sob o enfoque feminino. Esses brilhantes autores fornecem subsídios para Ovídio traçar o perfil psicológico de suas personagens. Diversos recursos persuasivos são utilizados, tais como: mitológicos, metafóricos, admiração, coação psicológica, e até mesmo a intenção de suscitar compaixão de modo a atrair a piedade do homem amado. Muitas dessas personagens culminam de forma trágica, o suícidio é uma forma de abandonar o mundo e se desvincular do seu amado, que muitas vezes, é retratado como homem ingrato, frente ao acolhimento que recebeu de sua heroína. Ovídio soube articular suas personagens de forma inovadora, apresentando ao leitor uma novidade mitológica, uma vez que ele se aprofunda no íntimo de cada personagem, dando voz e mostrando a heroína como uma mulher amorosa e ansiosa por externar seus mais íntimos sentimentos.
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