"A CPI NÃO É CONTRA O GOVERNO"



O senador Jader Barbalho (PA), líder do PMDB, sustentou que a CPI do Sistema Financeiro Nacional "não é contra o governo" e sim "a favor". Para ele, nem o governo e nem o país precisam de banqueiros que promovem fraudes com ajuda de funcionários encarregados de defender o real. - O presidente Fernando Henrique Cardoso, se ainda fosse senador, assinaria o requerimento para constituição desta CPI. No final, o presidente ficará agradecido por esta CPI, que afastará de vez esse fantasma, que nos persegue há muito, da corrupção no Sistema Financeiro Nacional. O PMDB apóia e continuará apoiando o governo no que for correto e justo - afirmou.O senador considera a CPI do Judiciário "matéria vencida, pois já foi criada com o apoio do PMDB" e se engana quem acredita que o partido fará alguma negociação sobre o funcionamento de CPIs. Para ele, o PMDB, depois de entender que integrantes do Judiciário devem se sentar numa CPI do Congresso, não irá considerar "intolerável que ao Senado compareçam os banqueiros". Jader Barbalho lembrou que seu partido apresentou o maior número de assinaturas para a CPI dos Bancos, em março de 96. "O assunto não é novo e não é de hoje que o PMDB tem dado apoio para investigar irregularidades na área financeira." Ele anunciou que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pretende reapresentar o pedido de criação da CPI das empreiteiras, recomendada ao final da CPI do Orçamento da União. Ao justificar a CPI, o líder peemedebista disse que as notícias de jornais e revistas com as denúncias que sustentam seu requerimento foram publicadas nos últimos dias e ele passou "apenas um fim de semana analisando os recortes". Barbalho considerou inaceitável denúncias de "lucros fáceis" de alguns banqueiros com a desvalorização cambial "enquanto o resto do país purgava a desvalorização do real".A notícia de que os bens dos dirigentes e dos membros do conselho fiscal dos bancos FonteCindan e Marka não ficaram indisponíveis após a intervenção do Banco Central precisa ser explicada pela direção do BC, ponderou. "Há um tabu, um grande medo neste país de se mexer com o Sistema Financeiro", observou.- As pessoas sabem que nessa área a promiscuidade se instalou, mas prevalece o discurso de que qualquer apuração causará prejuízos à economia. Quem estiver agindo conforme a lei, nada tem a temer. Devem ter medo da CPI aqueles que, usando o argumento da desestabilização econômica, continuam ganhando dinheiro fácil no país - continuou.Barbalho informou ao plenário que decidiu apresentar o requerimento de CPI incluindo também uma investigação sobre o Proer por causa das liquidações de instituições dos últimos dias. "Cabe discutir a proteção que o Senado oferece ao cidadão do país quanto ao mercado financeiro, se ele pode continuar aplicando, se ele está protegido de novas crises, enquanto uma minoria privilegiada se protege."Depois de sustentar que a investigação do Sistema Financeiro "é uma boa causa para o Senado", o líder do PMDB discordou de quem considera impossível funcionar, ao mesmo tempo, duas CPIs no Senado. "Por que não? Somos 81 senadores e cada uma funcionará com 11. Logo, o envolvimento é de apenas 22 senadores. Não veja razão para que não funcionem ao mesmo tempo a CPI do Judiciário e a do Sistema Financeiro". Assim que foi encerrado o discurso, 18 senadores assinaram o requerimento de criação da CPI. No início da noite, o número havia subido para 21. O requerimento pode ser apresentado com 27 assinaturas.

29/03/1999

Agência Senado


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