Antero requer CPI para apurar denúncias contra Waldomiro Diniz e pede demissão de José Dirceu



O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) apresentou requerimento para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o envolvimento do subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil da Presidência da República, Waldomiro Diniz da Silva, em um esquema de corrupção e tráfico de influência, segundo denúncia publicada nesta sexta-feira (13) pela revista Época. Antero pediu também a demissão imediata do chefe de Waldomiro, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, que também deverá ser alvo da investigação da CPI.

- A gravidade dos fatos é chocante. Desde a CPI do caso Collor/PC Farias não ocorria um fato político de tamanha gravidade envolvendo um governo. Dado o envolvimento direto de um funcionário graduado da Presidência da República, somente uma CPI terá capacidade e condições de investigar a fundo o esquema de corrupção denunciado - disse Antero. "As denúncias, que não são novas, mas agora são comprovadas, apontam o desvio de milhões de reais, elencando crimes como fraude em licitações, tráfico de influência, improbidade administrativa e corrupção ativa", afirmou o senador.

A revista Época, citada por Antero no discurso, informa ter uma fita de vídeo gravada em 2002 pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o "Carlinhos Cachoeira", em que Waldomiro Diniz pede propina para si próprio e para a campanha eleitoral do PT e promete ainda beneficiar o bicheiro em licitações públicas. Diniz, em 2002, presidia a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), nomeado pela então governadora Benedita da Silva, do PT. A revista acrescenta que Waldomiro Diniz confessou aos repórteres que recebeu o suborno e entregou pessoalmente R$ 100 mil ao comitê do candidato petista ao governo de Brasília, Geraldo Magela.

No Rio de Janeiro, Waldomiro teria confessado contribuir com R$ 150 mil mensais para as candidaturas ao governo de Benedita da Silva, do PT, que disputou a reeleição, e de Rosinha Matheus (ex-PSB, hoje no PMDB). Para si, Waldomiro teria pedido 1% do valor total das propinas. Em seu discurso, Antero lembrou que desde junho há denúncias de corrupção e tráfico de influência contra o subchefe da Casa Civil, e que ele tem ligações antigas com o ministro José Dirceu.

- Ele foi assessor do governo do Distrito Federal na administração Cristovam Buarque, foi assessor de José Dirceu na presidência do PT e morou no apartamento funcional do ministro da Casa Civil - lembrou Antero. Diniz estava encarregado pelo governo e pelo partido para as relações com parlamentares, além de ter sido arrecadador de fundos para campanhas eleitorais.

Em apartes, os senadores Mão Santa (PMDB-PI) e Efraim Morais (PFL-PB), este líder da minoria, estranharam o fato de não haver nenhum representante do PT no Plenário no momento do discurso de Antero, para dar explicações. Efraim acrescentou que a denúncia é antiga, a história de Waldomiro Diniz com o PT é "longa" e que "começa a cair a máscara de ética que o PT ostentou".



13/02/2004

Agência Senado


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