Concessão de abono a soldados da borracha tem parecer favorável



A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou na reunião desta quarta-feira (23) relatório do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) favorável à proposta de emenda à Constituição (PEC) do ex-senador Chico Sartori que concede abono anual aos seringueiros nordestinos recrutados para trabalhar em seringais da Amazônia durante a Segunda Guerra Mundial. Para receber o benefício, uma espécie de 13º salário, no mesmo valor da pensão vitalícia de dois salários mínimos recebida pelos chamados -soldados da borracha-, esses trabalhadores devem comprovar que são carentes. A matéria segue para análise do Plenário.

- Esses seringueiros não têm direito ao abono anual. Em contraposição, todos os beneficiários da Previdência Social recebem o benefício. A proposta representa isonomia justa entre estes e os demais trabalhadores brasileiros - afirmou Mercadante.

Para o líder do PT, senador Tião Viana (AC), com a aprovação da PEC, a CCJ pratica um -grande gesto de solidariedade e inclusão social com os extrativistas da Amazônia, migrantes nordestinos que enfrentaram doenças e dificuldades para que o Brasil tivesse importância no cenário internacional, na segunda fase da revolução industrial-. Ele acredita que o país tem grande dívida com esses seringueiros, que levaram a borracha ao primeiro lugar no Produto Interno Bruto brasileiro da época.

Na opinião do senador Jefferson Péres (PDT-AM), os nordestinos recrutados para reativar seringais na Amazônia deram uma contribuição dramática para o esforço de guerra dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Na época, os seringais do sudeste asiático, maiores produtores de borracha, haviam sido ocupados pelos japoneses, aliados de alemães e italianos no Eixo.

- Apesar do desenvolvimento da borracha artificial, a borracha natural era indispensável para certos tipos de produtos. O trabalho dos seringueiros foi fundamental no esforço para derrotar o nazi-fascismo na segunda guerra - disse Jefferson.

O senador João Capiberibe (PSB-AP) destacou que a borracha demonstra a imensa possibilidade de aproveitamento racional da biodiversidade da Amazônia. Aquele produto, disse o senador, escreveu uma longa página da história do Brasil e influenciou durante décadas a economia e as relações sociais da região.

- É preciso decisão política para transformar as riquezas da Amazônia em um modelo sustentável de desenvolvimento sócio-econômico e ambiental e deixar grande contribuição para as gerações futuras - disse Capiberibe, descendente de nordestinos que migraram para a região Norte no ciclo da borracha.

O senador Luiz Otávio (PMDB-PA) parabenizou a liderança do governo pela sensibilidade ao dar o parecer favorável -à justa proposta de Sartori-.




23/04/2003

Agência Senado


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