Debatedores apontam eleição de Obama como marco na luta pela igualdade racial



Em audiência pública promovida nesta segunda-feira (10) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a eleição de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos foi apontada como um marco na luta pela igualdade racial, com reflexos positivos no Brasil. Na opinião da vereadora por São Paulo Claudete Alves e do cantor e apresentador Netinho de Paula, recém-eleito vereador por São Paulo, a eleição norte-americana deixa como lição a necessidade de articulação do movimento negro com outros setores da sociedade brasileira.

Também Maria do Carmo Ferreira, assessora da Secretaria da Promoção de Políticas da Igualdade Racial (Seppir), e João Batista de Almeida, coordenador para Assuntos de Igualdade Racial do Distrito Federal, saudaram a eleição de Obama. O debate integra um conjunto de eventos que estão sendo promovidos pela CDH em novembro - denominado Mês da Consciência Negra, em referência à morte do líder negro Zumbi dos Palmares, ocorrida em 20 de novembro de 1695.

Na coordenação da audiência, o senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da comissão, destacou a relevância de eventos celebrados em 2008, marcando avanços no sentido da eliminação da discriminação racial.

- Considero 2008 um ano mágico, pois marca os 120 anos da abolição não conclusa, os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os 20 anos da Constituinte e, em 2008, os Estados Unidos elegeram seu primeiro presidente negro - frisou ele.

O parlamentar voltou a defender a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial (PLS 213/03), que tramita na Câmara dos Deputados. Paim lembrou que a matéria foi aprovada de forma unânime no Senado.

No mesmo sentido, Claudete Alves pediu urgência na aprovação do estatuto pelos deputados e sua transformação em lei.

- O país nos deve 120 anos de uma abolição inacabada - lembrou a vereadora.

União

Paim também destacou a importância da educação como condição para ampliar as oportunidades da população negra no mercado de trabalho e para viabilizar uma maior inserção na sociedade. Sobre o tema, Maria do Carmo Ferreira afirmou que as políticas de inclusão por meio da educação, como a de cotas em universidades, devem ser ampliadas.

Ao defender a organização da população negra do país, a assessora da Seppir lembrou que a criação da secretaria deve-se principalmente à mobilização dos grupos representativos desse segmento social.

De acordo com Claudete Alves, a eleição de Barack Obama demonstra que a população negra norte-americana, apesar de divergências, teve capacidade de articulação e interação com outros setores, viabilizando a vitória do candidato pelo partido Democrata.

- Os negros brasileiros precisam acordar e também buscar a união - opinou Claudete.

Também Netinho de Paula apontou o desafio de se criar uma unidade no movimento negro brasileiro, "não apenas nas palavras, mas nas atitudes". Para ele, a vitória de Obama deixou "uma sinergia" que deve ser aproveitada por todos os que lutam pela igualdade racial.

- É importante a comunidade negra ter um espaço de fato na Câmara dos Deputados e no Senado, mas também é importante sonhar mais alto - afirmou, apontando o senador Paulo Paim como possível candidato à Presidência da República.



10/11/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senadores destacam avanços na luta pela igualdade, mas apontam longo caminho para acabar com preconceito

Combinar eleição com critério técnico é melhor saída para escolha de diretores, apontam debatedores

Democracia debate a luta do negro por igualdade racial

Paim diz que Estatuto da Igualdade Racial é um avanço, mas luta por cotas vai continuar

Debatedores apontam contrabando de cigarro como um dos grandes problemas nas fronteiras do país

Paim pede aprovação em março do Estatuto da Igualdade Racial