Demóstenes: Há uma "bolha" envolvendo Magno Malta



O senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do processo contra o senador Magno Malta (PL-ES) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, disse nesta terça-feira (12) que há ainda uma série de pontos obscuros nas investigações sobre o suposto envolvimento do parlamentar capixaba com a máfia das ambulâncias. Demóstenes mencionou especialmente a utilização por Malta de uma van da Planam, empresa líder do esquema, e a atuação do chefe de gabinete de senador, Hazenclever Lopes Cançado.

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- Há uma bolha que é preciso estourar, a fim de que cheguemos à verdade - disse o senador depois da reunião do Conselho na qual foram ouvidos o próprio Hazenclever e o empresário de Mato Grosso José Luiz Cardoso, em nome de quem o veículo ficou registrado entre 2002 e 2003.

Demóstenes, que é procurador de Justiça, descreveu o que chamou de "bolha": Malta afirma que não tem ligações com a Planam e não apresentou emendas visando à destinação de recursos para a compra de ambulâncias por prefeituras. A van teria sido um empréstimo do deputado Lino Rossi (PP-MT), amigo do senador, e não o pagamento por emendas.

Organizando o resultado de depoimentos e diligências, Demóstenes chegou a um "encadeamento muito estranho": a van, adquirida pela Planam a uma concessionária em Cuiabá,foi colocada a princípio em nome de Lino Rossi. Este, como informou ao Conselho, vendeu-a a uma empresa de factoring, por R$ 50 mil, para superar dificuldades financeiras. A factoring, por sua vez, vendeu o veículo a José Luiz Cardoso, que pagou pela van apenas R$ 20 mil. Em seguida, o carro voltou ao poder da factoring, continuando em nome de Cardoso. A essa altura, Rossi quis o carro novamente, e foi atendido, mas os documentos continuaram em nome de Cardoso. O carro foi usado por Malta entre 2002 e 2003, e depois devolvido a Rossi, que em abril deste ano pediu a Cardoso que o transferisse para o nome de Kerle Batistel, cuja identidade e até mesmo a grafia do nome é ainda desconhecida.

Demóstenes diz querer saber porque o recibo de devolução do carro apresentado por Malta veio em branco e porque os R$ 50 mil foram transferidos a Rossi por meio de cheque da EPP, supostamente uma empresa "laranja". Uma das diligências do conselho será pedir ao Banco Central o rastreamento do cheque e ao Detran o roteiro das transferências de propriedade da van.

Serão chamados a depor na próxima quarta-feira (20) o dono da factoring, Valcir José Piran, e outras três testemunhas, cujos nomes não foram informados. Também está marcada para a quarta uma acareação entre o chefe de gabinete de Malta e um dos donos da Planam, Darci Vedoin, pai de Luiz Antonio Vedoin. Darci disse ter se encontrado com Hazenclever no gabinete de Malta para tratar de emendas, mas o assessor de Malta nega.

Demóstenes teme que Darci Vedoin, como fez nesta terça, apresente alguma desculpa para não comparecer à acareação. A saída, então, será pedir que ele seja ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPI) dos Sanguessugas, na Polícia Federal ou no Ministério Público, já que o Conselho de Ética não tem poder de convocá-lo.



12/09/2006

Agência Senado


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