José Jorge pede prioridade para alfabetização infantil



O senador José Jorge (PFL-PE) defendeu, nesta sexta-feira (14), que o governo eleja efetivamente a alfabetização das crianças na rede pública de ensino como a sua principal prioridade na área educacional. Ele disse que o Brasil não vem conseguindo alfabetizar adequadamente a maioria dos alunos das escolas públicas e que o PFL resolveu desenvolver um programa, envolvendo prefeitos e governadores do partido, para que os alunos sejam realmente alfabetizados até o final do primeiro ano do ensino fundamental.

Os resultados do Sistema de Avaliação de Ensino Básico (SAEB) do Ministério da Educação mostram, conforme o senador, que entre 60 e 80% dos alunos não atingem os níveis mínimos estabelecidos pelo MEC até o final da quarta série. Em aparte, o senador Cristóvam Buarque (PT-DF), ex-ministro da Educação do atual governo, apoiou a iniciativa e precisou os resultados do SAEB, indicando que 52 % das crianças brasileiras chegam à 4ª série sem saber ler efetivamente.

José Jorge citou ainda que, na comparação com dados internacionais, 56% dos alunos brasileiros na faixa etária de 15 anos obtiveram notas equivalentes ao nível de leitura de crianças que cursam 1ª e 2ª séries em escolas públicas dos países desenvolvidos. O senador afirmou que, de acordo com especialistas, as principais razões para essa dificuldade no ensino público brasileiro estão nos graves problemas na área de administração escolar: financiamento e seleção adequada de professores e diretores, capacitação de pessoal, programas eficazes de ensino e de avaliação, até a própria concepção do sistema de alfabetização do país, que padece com a falta de materiais didáticos adequados e inexistência de faculdades que formem alfabetizadores.

O programa do PFL, intitulado Alfa e Beto, concebido pelo professor João Batista Araújo e Oliveira, educador há mais de 40 anos e que já foi secretário-executivo do MEC, começou a ser implementado no ano passado em 13 municípios administrados pelo partido, tendo sido incorporado este ano às redes estaduais da Bahia e de Sergipe. José Jorge explicou que é um programa de ensino abrangente, adequado aos alunos das escolas públicas que nunca freqüentaram uma pré-escola, com materiais didáticos específicos, além de capacitação e assistência técnica aos municípios.

- A avaliação externa que vem sendo realizada pela Fundação Cesgranrio revelou que os alunos do programa tiveram médias superiores a dos matriculados em classes convencionais do ensino público, nas competências de "consciência fonêmica", que se caracteriza como o maior pré-requisito para uma efetiva alfabetização - informou José Jorge, ressaltando que essa avaliação ainda está em estágio inicial devido ao pouco tempo de implementação do programa.

O pronunciamento de José Jorge também recebeu apoio dos senadores Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) e Alberto Silva (PMDB-PI), que sugeriu que o governo dê também atenção à pré-escola. Alberto Silva lembrou de experiência bem-sucedida no Piauí, com ensino para essa faixa etária nas residências da própria comunidade carente, voltado para o desenvolvimento da psicomotricidade dessas crianças e cuidando também da alimentação infantil.

DENÚNCIA

José Jorge também registrou, na área da educação, denúncia veiculada esta semana pelo jornal O Estado de São Paulo, informando que 11 milhões de livros de literatura, poesia e não ficção adquiridos pelo MEC em 2003 estão estocados em armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em Brasília, pela incapacidade do governo federal distribuí-los.

O senador afirmou que são obras importantes como Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, por exemplo. Ele sugeriu que o governo adote o mesmo procedimento estabelecido para os livros didáticos, distribuídos diretamente pelas editoras. José Jorge criticou também a decisão do governo de suspender as compras dessas importantes obras literárias este ano.



14/05/2004

Agência Senado


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