Mesquita Júnior quer levar a todo o país debate sobre o Mercosul



A legitimidade do Mercosul só será plena, na opinião do senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), quando a sociedade brasileira tiver maior conhecimento do processo de integração com os países vizinhos. Eleito recentemente presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, Mesquita Júnior disse, em entrevista à Agência Senado, que pretende estimular o debate sobre o tema em todo o país.

- Precisamos colocar o pé na estrada e conversar com empresários, trabalhadores e a sociedade organizada - afirmou Mesquita Júnior.

O senador lembrou ainda que em 2010 os eleitores brasileiros escolherão pelo voto direto, pela primeira vez, os seus representantes no Parlamento do Mercosul, que tem sede em Montevidéu.

O que a Representação Brasileira pode fazer para ajudar a consolidar o Mercosul? 

A criação da Representação Brasileira significa primeiro a simplificação do processo de tramitação de matérias de interesse do Brasil no âmbito do Mercosul. Antes, essas matérias tramitavam em diversas comissões e agora tramitarão ordinariamente na nossa comissão e excepcionalmente em outras comissões. Isso já facilita muito o processo. Vejo o Parlamento do Mercosul como um instrumento importante de aprofundamento do processo de integração e acredito que ele pode dar uma contribuição expressiva nesse processo, hoje ainda muito focado na questão econômica.

De que forma pode ser feita essa abertura? 

O Parlamento terá mecanismos de consulta popular, como audiências públicas, em que vários temas serão debatidos. Ele pode se transformar em uma caixa de ressonância das sociedades dos países envolvidos e dar um foco mais intenso às questões políticas e sociais, sem desprezar o conteúdo econômico. 

O que pode ser feito, no Brasil, para se ampliar o debate a respeito do processo de integração? 

Boa parte da população brasileira tem conhecimento do Mercosul, até porque vive o problema da integração. Recentemente, por exemplo, o Conselho do Mercosul aprovou uma majoração de tarifa para importação de calçados. Essa importação tem um impacto enorme em determinadas regiões, como o Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, onde indústrias estavam quebrando e milhares de empregados estavam sendo demitidos em virtude de uma concorrência desleal. Em outros países existe o mesmo problema. Então, boa parte dos brasileiros tem conhecimento do Mercosul, mas a grande maioria não tem. Entendo que, a médio e longo prazos, o Mercosul só se sustenta, do ponto de vista do Brasil, se a população brasileira como um todo tomar conhecimento do que ele significa.

Como se chegar a essa situação? 

Nós precisamos botar o pé na estrada, conversar com empresários, com trabalhadores, com a sociedade organizada, a academia. Tenho também provocado meus colegas sobre esse tema. Em 2010, por exemplo, o Brasil vai eleger deputados do Parlamento do Mercosul pelo voto direto. Como é que vai ser isso? No mundo de hoje, globalizado, blocalizado, sozinhos temos alguma chance? Creio que não. 

Mas existem muitos críticos do Mercosul. 

Deus me livre que as críticas deixem de existir, pois elas fazem com que a gente busque o aperfeiçoamento. Sempre existirão problemas de convivência e assimetrias. O importante é que exista determinação e vontade de ir superando as divergências e avançando no processo. Minha perspectiva é a perspectiva da integração.

O senhor pretende, então, nacionalizar o debate sobre o Mercosul? 

Temos que espraiar esse assunto no Brasil. O caminho é esse. É preciso fazer com que os brasileiros conversem sobre o Mercosul como quem conversa sobre a CPMF. Você chega em qualquer botequim, fala da CPMF e o pessoal, mal ou bem, sabe do que se trata.

Na sua opinião, sem a popularização do debate não há consolidação do Mercosul? 

Está faltando um pouco de legitimidade ao Mercosul. O surgimento do parlamento empresta alguma legitimidade ao processo. A burocracia do Mercosul tem certa legitimidade, mas a legitimidade só será plena quando povo brasileiro compreender o que está se passando.



31/08/2007

Agência Senado


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