Mozarildo faz alerta contra projeto de concessão de florestas



O senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) fez um alerta, nesta sexta-feira (6), contra o projeto elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, e já encaminhado ao Gabinete Civil da Presidência da República, para a concessão de exploração de riquezas da Amazônia. Apenas as organizações não-governamentais (ONGs), disse o senador, foram ouvidas até agora pelo governo sobre o tema.
- Como senador eleito por um estado da Amazônia, eu nunca fui convidado para participar dessas discussões. Não é possível que o porta-voz do governo sejam as ONGs, que comandam o Ministério do Meio Ambiente. Isso é uma interferência clara na soberania do país – afirmou Mozarildo. O senador manifestou a expectativa de que o Congresso Nacional mude “radicalmente” o enfoque do projeto, para priorizar a atuação dos governos estaduais e municipais, além das empresas localizadas na Amazônia e das empresas brasileiras que queiram atuar na região para, só depois, atender às empresas e organizações estrangeiras. Na opinião de Mozarildo, o projeto de uso das florestas, tal como se encontra no momento, acabaria concedendo áreas a ONGs e a empresas estrangeiras. Ao mesmo tempo, observou, o Ministério do Meio Ambiente dificulta o crescimento do país, ao bloquear, pela falta de licenciamento ambiental, obras de usinas hidrelétricas, hidrovias e ferrovias. A seu ver, a ministra Marina Silva “age como se fosse um governo à parte”, contrariando a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva favorável ao desenvolvimento. Mozarildo elogiou artigo publicado no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV) pelo meteorologista Carlos Nobre, coordenador científico do Experimento de Grande Escala da Biosfera - Atmosfera na Amazônia - conhecido pela sigla em inglês LBA. No texto, o cientista vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sustenta que a Amazônia pode vir a responder por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, se receber do governo a mesma prioridade já concedida pelo país ao agronegócio e à indústria aeronáutica, por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Para Nobre, a região deveria contar com quatro a seis fortes instituições de pesquisa. - O artigo nos leva a refletir de maneira moderna sobre a Amazônia. Precisamos conhecer a região cientificamente, pois muito se fala dela de forma ideológica ou por interesses financeiros internacionais, defendidos por ONGs a serviço da indústria farmacêutica e de cosméticos, além das mineradoras, pois encontram-se ali muitos dos minerais de terceira geração – disse Mozarildo.

06/08/2004

Agência Senado


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