Randolfe: simbologia na escolha do Papa reflete opção da Igreja Católica pelos pobres



O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que a escolha do novo Papa está repleta de simbolismos. A primeira delas, para ele, foi a escolha de um cardeal proveniente do Hemisfério Sul.

- Somente a escolha de um Papa do Hemisfério Sul traz o significado de ser um Papa que vem dos explorados – afirmou o parlamentar nesta segunda-feira (18) em Plenário.

Em segundo lugar, Randolfe Rodrigues destacou que o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio é um clérigo da América Latina, continente que, de acordo com o senador, cresceu “sob a égide da exploração pela espada”. Depois, a escolha do nome Francisco, que evidencia duas coisas: a opção pelos pobres, pela lembrança de São Francisco de Assis (1182-1226), e a necessidade de se reconstruir a Igreja Católica.

O parlamentar leu um texto do frei Leonardo Boff, um dos expoentes da Teologia da Libertação, para evidenciar os simbolismos. No texto, Boff lembra que, mesmo antes da escolha do Papa, disse que ele se chamaria Francisco. A conversão de São Francisco começa com a reconstrução da Igrejinha da Porciúncula, depois de receber uma mensagem divina pedindo sua reconstrução. Posteriormente, São Francisco entendeu que não era para reconstruir uma igreja apenas, mas toda a instituição.

Para Boff, o cardeal Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome de Francisco “porque se deu conta de que a Igreja está em ruínas, pela desmoralização dos vários escândalos que atingiram o que ela tinha de mais precioso: a moralidade e a credibilidade”. Para o frade, “Francisco não é um nome; é um projeto de Igreja, pobre, simples, evangélica e destituída de todo o poder”.

Leonardo Boff ressalta também que Jorge Bergoglio “evitou toda a espetacularização da figura do papa”. Apareceu pela primeira vez em público só com suas vestes brancas, sem colocar sobre os ombros “a mozeta, aquela capinha, cheia de brocados e ouro, que só os imperadores podiam usar”.

Para Randolfe Rodrigues, a escolha do nome Francisco representa “uma escolha clara pelos pobres”. Enfatizou que o Papa, ao escolher o nome, demonstrou que não pretende frequentar “os palácios dos exploradores” e, ao usar vestes simples, evidenciou que “se recusa a usar as vestes que separam a igreja de seu povo”.

O senador disse querer acreditar “que esse conjunto de simbologias possa dialogar com o mundo atual”. Disse esperar que o Papa dê apoio a “processos de estados nacionais que promovam igualdade social”. Citou, como exemplo, a diminuição do analfabetismo na Bolívia e a queda da mortalidade infantil no Uruguai e na Venezuela e sua erradicação em Cuba.



18/03/2013

Agência Senado


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