TV Senado e Instituto João Goulart assinam convênio para produção do documentário "Jango em três atos"



Trinta anos após a morte do ex-presidente João Goulart, único presidente brasileiro morto no exílio, o jornalista Deraldo Goulart encontrou numa penitenciária de alta segurança a 50 quilômetros de Porto Alegre (RS) um ex-agente do serviço de inteligência uruguaio que se diz vítima de perseguição por saber demais. Mário Neira Barreiro espera publicar um livro em que narra sua participação na "Operação Escorpião", episódio que, de acordo com ele, culminou no assassinato do presidente acusado de comunista pelos militares que o sucederam.

Em seu relato, revelado por Derlado Goulart no documentário "Jango em três atos", produção da TV Senado e do Instituto João Goulart cujo convênio foi assinado nesta quarta-feira (27) no gabinete do senador Garibaldi Alves, Mário Neira Barreiro conta que sua função na suposta conspiração articulada pelo antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) era espionar a família Goulart no período em que o presidente viveu no Uruguai (1973 a 1976), logo após deixar o Brasil.

As informações colhidas, obtidas inclusive com a utilização de escutas, revelavam a vontade do presidente de retornar ao país e serviram para justificar, segundo ele, a necessidade de assassinar o exilado. De acordo com Barreiro, comprimidos envenenados foram colocados nos frascos de medicamentos que Jango utilizava rotineiramente para o coração.

João Goulart faleceu em 6 de dezembro de 1976 na cidade argentina de Mercedez, vítima de um ataque cardíaco. À época, a autópsia não foi autorizada. O corpo chegou ao Brasil em caixão fechado. A operação, ainda segundo o ex-agente, teria sido financiada pela CIA (agência de inteligência americana).

Em seu trabalho, o jornalista Deraldo Goulart aborda o governo, o exílio e a morte do presidente brasileiro que transitou por dois regimes políticos - o presidencialismo e o parlamentarismo - , adotou uma postura independente em relação aos Estados Unidos quanto à política externa e implementou medidas ousadas no âmbito interno, como a nacionalização de refinarias de petróleo e a desapropriação de terras para a implementação reforma agrária.

Resgate da história

Na cerimônia de assinatura do convênio entre a TV Senado e o Instituto João Goulart, em que foi exibido o compacto do documentário, o presidente Garibaldi Alves elogiou a iniciativa de se trazer a público os últimos momentos de Jango. Ele ressaltou o compromisso do Senado Federal com o resgate da história do Brasil.

- Nosso país precisava preservar melhor a memória daqueles que fizeram a sua história. Depoimentos como esses são absolutamente essenciais ao conhecimento da verdade sobre todo um período da história política brasileira que permaneceria sob uma certa nebulosidade que não nos faz bem. Queremos que esse passado seja escrito com tintas verdadeiras - afirmou.



27/02/2008

Agência Senado


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